CONTANDO OS DIAS - HISTÓRIA DOS CALENDÁRIOS
Entenda como surgiram os calendários e
como eles evoluíram até sua forma atual
Por: Romeu C. Rocha-Filho e Mario Tolentino, Departamento de Química, Universidade Federal de São Carlos
Se cada um tivesse seu próprio jeito
de contar os dias, o mundo seria uma loucura! Por isso, fica impossível
imaginar nossas vidas sem os calendários. Mas como será que eles surgiram? Um
dos primeiros calendários de que se tem notícia é o romano (embora o homem já
tivesse meios de se orientar no tempo antes disso). Diz a lenda que ele foi
criado por Rômulo, primeiro rei de Roma, no ano 735 a.C.
O
calendário romano se baseava no ciclo lunar e tinha 304 dias divididos em 10
meses - seis com 30 dias e quatro com 31. Naquela época, a semana tinha oito
dias e só passaria a ter sete no ano 321 D.C. Foi Rômulo quem nomeou os
primeiros quatro meses do calendário romano de martius, aprilis, maius e
junius. Os meses seguintes foram simplesmente contados em latim: quintilis,
sextilis, septembre, octobre, novembre e decembre.
Como esse calendário não estava
alinhado com as estações do ano, que duram cerca de 91 dias cada uma, por volta
do ano 700 a.C., o rei Numa, que sucedeu Rômulo no trono, decidiu criar mais
dois meses: janus e februarius. Embora as estações estejam ligadas ao ciclo
solar, o novo calendário romano continuou a seguir:
o ciclo lunar, mas passou a ter 354
dias (seis meses de 30 dias e seis de 29).
Durante
o império de Júlio César, por volta do ano 46 a.C., o calendário sofreu mais
mudanças. Os senadores romanos mudaram o nome do mês quintilius para
Julius, para homenagear o imperador. O calendário passou a se orientar pelo
ciclo solar, com 365 dias e 6 horas. O chamado calendário juliano foi uma
tentativa de entrar em sintonia com as estações.
Foi
criada uma rotina em que por três anos seguidos o calendário deveria ter 365
dias. No quarto ano, ele passaria a ter 366 dias, pois, após quatro anos, as 6
horas que sobravam do ciclo solar somavam 24 horas, isto é, mais um dia. Estava
estabelecido o ano bissexto. Além dos meses alternados de 31 e 30 dias (exceto
fevereiro, que tinha 29 dias ou 30 em anos bissextos), passou-se a considerar
janeiro, e não março, o primeiro mês do ano.
Mais tarde, quando o mês sextilius
passou a ser chamado de Augustus, decidiu-se que o mês em homenagem ao
imperador Augusto não poderia ter menos dias que o mês dedicado a Júlio César.
Um dia de februarius foi então transferido para Augustus - por isso hoje o mês
de fevereiro tem 28 dias (ou 29 em anos bissextos). Para evitar que houvesse
três meses seguidos com 31 dias, o total de dias dos meses de septembre a
decembre foi trocado: setembro e novembro ficaram com 30 dias, outubro e
dezembro com 31.
No
fim do século 16 descobriu-se que o ciclo solar não tinha 365 dias e 6 horas
redondas e sim 365 dias, 5 horas, 49 minutos e 16 segundos. Com alguns ajustes,
passou a vigorar o calendário gregoriano (introduzido por ordem do papa
Gregório XIII), usado hoje em quase todo o mundo. Só que os astrônomos do nosso
tempo concluíram que, na verdade, o ano tem 365 dias, 5 horas, 48 minutos e
46,04 segundos! Mais uma pequena mudança (só são bissextos os anos de virada de
século que divididos por 9 levem um resto igual a 200 ou 600 - por isso o ano
2000 foi bissexto) e chegamos ao modelo atual de calendário. E assim vamos
contando nosso tempo...
Adaptado do artigo originalmente
publicado em Ciência Hoje das Crianças 94 escrito por: Romeu C. Rocha-Filho e
Mario Tolentino, Departamento de Química, Universidade Federal de São Carlos - http://chc.cienciahoje.uol.com.br
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